Ato Pela Educação Pública do Brasil na Câmara Federal Acaba em Abraço Extraordinário

Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos
Deputados em Brasília (DF).
Naquela manhã de quarta (02/10/2019) recebia a incumbência de realizar a cobertura do "Ato em Defesa da Educação Pública da Ciência, da Tecnologia e da soberania Nacional” que ocorreria às 16h e se estenderia até às 20hs, nas dependências do Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados em Brasília (DF). O evento foi ministrado pela liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), teve como objetivo o encontro entre parlamentares de partidos diversos com entidades da sociedade civil, autoridades e intelectuais, com foco na defesa da educação pública.

Era um dia típico da capital do Brasil. Era aproximadamente 14h, ao chegar no Eixo Monumental me deparei com um termômetro que registrava, temperatura de 36,7°C. Minha garganta estava seca, a cede era grande e o Sol rachava na cabeça. Ao meu lado avistei uma escada, foi por ali que desci e fui direção a primeira recepção da Câmara dos Deputados. Entrei na casa, e por alguns minutos dei uma pausa para aproveitar o ar condicionado que amenizava o calor que para trás deixe.

Logo lembre que meu objetivo era entrevistar ao menos duas parlamentares e não poderia sair do evento sem a fala da viúva de Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire, popularmente conhecida pelo nome carinhoso “Nita”. Só de lembrar me vinha um gelo na barriga;

Sinto como se eu tivesse tanta sorte por ter essa missão em mãos. Saber que em algumas horas estaria dialogando com a mulher que compartilhou tantos momentos de altos e baixos; de vitórias e também de fracassos com aquele que é uma das maiores referências ao decorrer da minha vida, ou seja, Paulo Reglus Neves Freire.

Paulo Freire é sem sombras de dúvidas o maior educador e filosofo de todos os tempos, é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o eterno Patrono da Educação Brasileira.

Já refrescado, fui até a recepção, identificado e com a credencial entrelaçada no pescoço adentrei os corredores turbulentos e movimentados da Câmara. Movimento de parlamentares para todo lado. Logo me deparei com a Deputada Federal Flor de Liz (PSD) e seus assessores, mas adiante cruzei o caminho de diversos outros; AlicePortugal (PCdoB-BA), Orlando Silva (PCdoB-SP), Lídice da Mata (PSB), além de governadores e repórteres de diferentes emissoras que circula num verdadeiro vai e vem.

A Câmara é um verdadeiro formigueiro em colônia, muito bem organizados, onde cada colaborador; administrativos, da imprensa e os representantes do povo (Dep. Estaduais e Federais), tem suas funções bem específicas. Para manter tudo em ordem, elas trabalham incessantemente. São dezenas de auditórios com votações acontecendo ao mesmo tempo, interesses de todas as regiões do Brasil. Vai do Norte ao Nordeste e do Sul ao Centro-Oeste. Se enganam em pensar que os parlamentares não trabalham.

Chego na escadaria que me dar acesso ao “Auditório Nereu Ramos”. Desço e me deparo com um aglomerado de pessoas tentando entrar nas dependências do Nereu, então ouço a produção informar: “O auditório lotou, infelizmente só temos capacidade para 350 pessoas”. Vir a frustração na face dos cidadãos afim de participar de um ato tão democrático e necessário.
 
O Auditório lotou durante o ato. O espaço suporta a presença
de no máximo 350 pessoas.
O segurança logo me identificou com a credencial de imprensa e me liberou. A manifestação, realmente lotou o auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, alí concentrava uma resposta aos cortes de verbas, à tentativa de privatização do ensino público e à censura nas escolas e vetar o direito da Educação da população mais pobre desse país.

O cerimonial foi comandado pelo Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), a concentração fez parte da programação da Greve Nacional da Educação convocada por organizações estudantis e sindicais nos dias 2 e 3 de outubro.  

Logo avistei a viúva “Nita” e a emoção tomava conta dos meus sentidos. Avistei outras figuras públicas; os governadores do Piauí, Wellington Dias, do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, ambos do PT, o ex-ministro da Educação no governo Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante, Deputadas Federais - Gleisi Hoffmann (PT-PR), Alice Portugal (PCdoB-BA), Lidiceda Matta (PSB-BA), ambas que encontrei no balanço do vai vem da casa.

Durante o “Ato” a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), pontua que é preciso reforçar a união de toda a comunidade educacional para derrotar os cortes de verbas impostos por Bolsonaro e restaurar as dotações orçamentárias destinadas à educação e à pesquisa científica.

O governo Bolsonaro e seu ministro Abraham Weintraub declararam guerra à Educação. Atacam o legado de Paulo Freire e todos aqueles que entendem que educação é um direito de todos e todas. Precisamos derrotar o Future-se e este governo desastroso.”, e finaliza sua fala tendo o aplauso de todos presentes “Paulo Freire, Presente!” exclama.

As diversas manifestações da Greve Nacional da Educação ressaltam a relevância de combater o desmonte da educação pública, da ciência e da tecnologia. Ao lado de outros setores, o ensino e a pesquisa estão entre os principais alvos dos ataques e da política de retrocessos do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Lídice da Mata (PSB-BA) é deputada Federal da
Bahia e defende categoricamente o aceso a Educação
Para a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), o Ato em Defesa da Educação e da Soberania foi uma expressão simbólica de como essa é uma luta de todo o país. “A defesa da Educação e da Ciência se tornou uma bandeira que une o Brasil”, fala em seu discurso. Logo após Lidice sai às pressas do evento, elas, assim como os demais, seguiam rumo ao Senado para votação da reforma da Previdência.... Logo peguei no braço da fotografa e fomos em direção a parlamentar e iniciamos um breve bate papo.

Comprimente e logo perguntei. Qual a importância de gerar esses debates sobre o contexto da educação no Brasil e a importância da aprovação da Proposta de Ementa à Constituição (PEC 24).   

Solicita e muito atenciosa ela me responde: “Em meio a uma de quebra de braço no centro do governo Bolsonaro, a educação é castigada, uma paralisia em todos os sentidos toma conta de uma área-chave para o desenvolvimento brasileiro. Impactos em diferentes projetos já são perceptíveis em todo país. Nesse meio tempo a realidade do país são escolas sem qualidade, com falta de professores e jovens sem condições de seguir com os estudos", avalia.

Agradeço a deputada da Bahia e ao retomar o Auditório me deparo com a fala da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT/PR) ela é categórica ao pontuar os ataques ao educador Paulo Freire e reforça que a educação é a primeira área a ser atacada por um governo de extrema direita: 

Isso ocorre não só verbalmente, mas na desestruturação das políticas públicas para a educação. Antes do governo golpista de Michel Temer a educação era uma das áreas que mais recebia investimentos, tivemos aumento nas vagas para as universidades públicas, melhoras nas condições do ensino fundamental e tivemos a votação da Lei do Petróleo que destinou recursos para a educação – nós destinamos 50% do fundo do pré-sal para a educação, o que daria 25 bilhões de reais por ano para a educação. Hoje enfrentamos não um congelamento, mas uma redução dos recursos nessa área”, destacou.

Nita Freire inicia sua participação especial no ato e emocionou a plateia ao relembrar diversas passagens políticas da vida de Paulo Freire. Também compartilhou a experiência de uma ex-aluna sua que iniciou um projeto em Belém (PA) de alfabetização de jovens e adultos em um hospital: “Quando perguntados o que eles [os pacientes] mais queriam, eles diziam que queriam aprender a ler para morrer igual gente”, contou Nita. Em outra passagem sobre o exílio de Paulo Freire, Nita relembrou que ainda temos contas a acertar com ditadura e seus algozes: “No Brasil nós não condenamos pessoas que torturaram pessoas e até crianças. A gente paga caro por isso. Nós não conseguimos punir nossos torturadores e por isso hoje temos um novo movimento que adora tortura, que fortalece a tortura, que voto em nome do maior torturador do Brasil, o coronel Ustra. Isso é inadmissível”.

Seu discurso é o mais longo, mas prende a atenção de todos. Ela ressalta os gostos culinário de Paulo Freire; suas viagens, o prazer em ouvir músicas que já não se tocam, ao menos com tanta frequência nos dias atuais. Às 19h47 ela finaliza sua participação e os admiradores de sua história junto ao filosofo Paulo Freire se aproximam para tirarem fotos, de cabelos brancos como de seda e um sorriso doce no rosto cede o momento de foto. Logo a organização limita o momento para imprensa, então é chegada o grande momento.
Me colocaram numa cadeira à sua frente; sentei, respirei e olhei em seus olhos. Diante sua generosidade ela sorriu e me perguntou.

O primeiro contato de Nita com Paulo Freire ocorreu na Sala
de aula. Paulo Freire seria seu professor de Língua Portuguesa
no primeiro ano do colegial do Magistério.
No Colégio Oswaldo Crus em Recife.   
- Qual seu nome, respondi

- Márcio Malta...

Como o mesmo sorriso ela pontua “Pode começar”.

Passou o filme na minha cabeça! Lembrei das metodologias que aprendi durante o Magistério, os ensinamentos de Paulo, e saber que estava ao lado de quem sempre esteve ao lado de uma grande inspiração, me despertava vários sentimento e emoções; insegurança, alegria, emoção, nostalgia e uma sensação extraordinária de dever quase cumprido. Diante de turbilhoes de emoções, afirmei e em seguida perguntei;

Paulo Freire é reconhecido por sua trajetória em prol da língua portuguesa, da pedagogia e sua contribuição através da filosofia. Podemos afirmar que o eterno Patrono da Educação do Brasil deixou como maior legado – O discurso da educação como ferramenta de transformação de vidas, como inclusão dos marginalizados, um ser humano sensível diante as mazelas do mundo, em especial na área da Educação. "Diante esse cenário caótico onde o errado é certo e o certo é errado, onde o estado e o governo desasiste milhões de brasileiros na esfera educacional. Caso Paulo Freire estivesse presente o que ele falaria de governo caótico diante a Educação?"


Na maioria das vezes, deixar um bem presente por medo de um mal futuro é loucura e não recompensa. Todos devem ter consciência apesar de tudo: diante o medo, da ansiedade, da angústia, da incerteza, do passado, do futuro e do presente que nos gera medo. A única certeza de transformação apesar dos outros e de cada um de nós só acontece através da Educação. Ele com certeza falaria; “Não deixemos o nosso maior bem preciso ser calado pela boca dos ignorantes!” declara.
Ao final do bate papo leve e descontraído, então que surge um braço doce carinhoso! Foi fantástico!

Pensei:“Quantos abraços doces como esse Ana Maria e Paulo Freire compartilharam?", por fim, veio o sentimento de missão extraordinariamente cumprida.

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